sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Eu estava errado. Perdoe-me!

Por qual motivo temos dificuldade de pedir perdão?
 
Em muitas situações de desentendimento e desconfiança nos relacionamentos humanos, bem como nas separações, brigas no trabalho e nos ambientes sociais, é importante reconhecermos uma de nossas grandes falhas: a falta de um pedido de perdão. Não reconhecermos nossos erros é um grande obstáculo na qualidade do convívio.  
 
Por qual motivo temos estas dificuldades? Um deles é admitir a “perda da nossa dignidade”, ter de passar por cima do nosso orgulho, sentirmo-nos ameaçados ao expormos nossos pontos fracos, ou que, ao pedirmos desculpas, o outro “nos 'passe na cara' ou use isto como uma vingança”, ou ainda que “seja lembrado pelos erros ou punido por ser honesto”. (Powell, J. 1985). Acho que, muitas vezes, você já viveu isto, não é mesmo?  
 
Em várias situações, sentimo-nos inferiores ao pedir desculpas; temos a necessidade de passar parte de nossa vida provando que somos sempre certos, que somos sempre capazes, que somos fortes e invencíveis. De alguma forma, esta necessidade vai sendo imposta a nós e pode ser uma grande armadilha em nossas vidas.  
 
Em outras situações, posso usar o seguinte pensamento: "se não recebi as desculpas do outro, por que eu vou me sujeitar a pedir desculpas?”. Isto nada mais é do que um grande processo de imaturidade, ao deixarmos que os comportamentos da outra pessoa possam determinar os nossos comportamentos e atitudes. É como achar certo roubar, porque alguém já roubou, não foi descoberto e nunca foi punido.  
 
Para que possamos chegar ao ponto de pedir desculpas, é válido encontrar um ponto de honestidade com nós mesmos, assumindo falhas e limitações. Esta honestidade interior faz com que vejamos, verdadeiramente, nossa responsabilidade nas situações, possamos reconhecer o que fizemos e entrar numa atitude de reconciliação com o outro. Talvez, nem sempre consigamos perdão, mas a atitude de reconhecer é totalmente sua e, certamente, muito libertadora.  
 
Peça desculpas, mas livre-se dos que levam você a pensar: “você provocou isto”, “só reagi assim, porque você é culpado”, “estou tratando você como fui tratado por você”. Tais formas “racionais” de explicar um fato, apenas alimentam em nós mais raiva e mais ressentimento. Faz com que cubramos nossos erros e não permite que, honestamente, possamos admitir o que foi feito de errado.  
 
“O perdão é instrumento de vida” (Cencini, A . 2005) e “força que pode mudar o ser humano”. Certamente, “a falha em pedir desculpas” e em perdoar só servirão para prolongar a separação entre duas pessoas. Para isto, “a verdade precisa estar presente em todos os sinceros pedidos de desculpa” (Powell, J. 1985), compreendendo a extensão dos prejuízos que nossas atitudes, por vezes desordenadas e desmedidas, possam ter provocado na vida do outro.  
 
Por vezes, precisamos quebrar nossas barreiras interiores e realizarmos um grande esforço ao dizer: “Eu estava errado, perdoe-me!”, pois este esforço fará sua vida muito melhor, mesmo que o outro não aceite, de imediato, seu pedido, mas sua vida já foi mudada a partir deste gesto.  
 
[Elaine Ribeiro - Psicóloga, colaboradora da Comunidade Canção Nova]

Papa pede que o Ano da Fé ajude no progresso do ecumenismo

"O caminho ecumênico não pode ignorar a crise de fé no mundo de hoje, por isso os cristãos são chamados a dar um testemunho comum, não obstante as divisões", frisou o Papa Bento XVI em seu discurso proferido, nesta quinta-feira, 15, aos participantes da plenária do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos. 
 
Bento XVI espera que "o Ano da Fé ajude no progresso do ecumenismo". "Um autêntico caminho ecumênico não pode ser alcançado ignorando a crise de fé que está atravessando vastas regiões do Planeta, incluindo aquelas que acolheram por primeiro o anúncio do Evangelho e onde a vida cristã floresceu durante séculos", sublinhou ainda. 
 
O Papa evidenciou a necessidade de espiritualidade e ao mesmo tempo a pobreza espiritual de muitas pessoas hoje: "Por outro lado, não podem ser ignorados os vários sinais que revelam a persistência de uma necessidade de espiritualidade, que se manifesta de diferentes modos. A pobreza espiritual de muitas pessoas hoje, que não percebem mais como uma privação a ausência de Deus em suas vidas, é um desafio para todos os cristãos." 
 
Nesse contexto, "nós que acreditamos em Cristo somos convidados a voltar ao essencial, ao coração da nossa fé, para testemunhar juntos ao mundo o Deus vivo", disse ainda Bento XVI. 
 
Com essas palavras do Decreto sobre o Ecumenismo, Unitatis redintegratio o Papa recordou que a divisão entre os cristãos "contradiz abertamente a vontade de Cristo, é escândalo para o mundo e prejudica a santíssima causa da pregação do Evangelho a toda criatura". 
 
"Não devemos nos esquecer que o objetivo do ecumenismo é a unidade visível entre os cristãos divididos. Testemunhar o Deus vivo é o imperativo mais urgente para todos os cristãos, apesar da comunhão eclesial incompleta que ainda experimentamos", sublinhou o Pontífice. 
 
"Não devemos nos esquecer o que nos une, ou seja, a fé em Deus, Pai e Criador" – explicou o Santo Padre, observando que "à luz da prioridade da fé, entendemos a importância dos diálogos teológicos e conversas com as Igrejas e comunidades eclesiais onde a Igreja Católica está engajada". 
 
"A unidade não pode ser apenas o trabalho de homens, mas é um dom de Deus", frisou Bento XVI que pediu compromisso, oração, e reconhece a positividade do esforço: "O fato de caminhar juntos para este objetivo é uma realidade positiva, desde que, as Igrejas e comunidades eclesiais não parem ao longo do caminho, aceitando as diversidades contraditórias como algo normal ou como o melhor que se possa obter." 
 
O Santo Padre sublinhou ainda que "através da unidade visível dos discípulos de Jesus, unidade humanamente inexplicável, se tornará reconhecível a ação de Deus. A ação de Deus vence a tendência do mundo rumo à desagregação". 
 
O Papa convidou a entender que "ecumenismo e nova evangelização exigem o dinamismo da conversão entendido como vontade sincera de seguir Cristo".